Fim dos tempos
por Fabiana Langaro Loos
A partir do momento em que toda uma universidade é paralisada devido a um vestido curto e justo de uma aluna é porque chegamos ao fim da instituição acadêmica como formação do cidadão, formação moral (principalmente) e não somente intelectual. Se a moça errou ao usar o tal traje, sim, não era o mais adequado para um dia de estudos em uma sala de aula, porém, não era motivo para alunos tomarem atitude de verdadeiros animais. E que faziam todos aqueles estudantes fora de suas salas de aula? E os professores, diretores e seguranças onde estavam? Nota-se que as instituições escolares, de uma forma geral, perderam o poder de educar, de nortear e inserir adequadamente o indivíduo na vida em sociedade, ao contrário, (há exceções, claro) estão virando fábricas de diplomas, formando pessoas sutilmente qualificadas para suas funções e indiferentes às condutas morais e de cidadania que regem a vida de todos nós. As cenas que circularam por canais de televisão de todo o país mostraram que a estudante, sem a intervenção policial (lembrando que o reforço policial foi requerido por amigos dela e não pela instituição acadêmica, totalmente omissa nesse caso), poderia ter sido linchada ou algo pior. Com crianças que cresceram ouvindo “a bundinha na garrafa”, com adolescentes que não conseguem diferenciar liberdade de libertinagem ou conciliar suas atividades de lazer com a leitura de um livro (livro também é lazer), com jovens universitários que apenas sabem ouvir o que o “comercial” lhes impõe (atualmente reina o sertanejo universitário e, amanhã, qual vai ser a “modinha”?) não poderia ser diferente a não ser uma conduta de baixo nível, que é indiferente ao nível sócio-econômico de cada um. Sinceramente, não senti pena da moça ridicularizada e acuada, pois ela faz parte deste sistema tanto quanto aqueles que apontaram seus dedos e “jogaram as pedras”. O que se constata é alunos sem educação e respeito aos professores desde o maternal à universidade, mas a obrigação de educar é pertinente somente à escola? Não, é principalmente dos pais, porém esses, cheios de compromissos, sem tempo e sem disposição (então por que ainda têm filhos?) tendem a jogar a responsabilidade para a instituição de ensino, que acaba não tendo estrutura para suportar seres sem limites, sem consciência política e sem consciência humanitária, o pior, sem educação e respeito ao próximo e, consequentemente, a si mesmo. Chegamos a um nível que em qualquer lugar o desrespeito ao outro é coisa corriqueira, principalmente às mulheres que, indiferentemente do traje que vestem ou da idade que têm, ouvem frases abusivas e brincadeiras de mau gosto, por qualquer tipo de pessoa, em qualquer lugar que estejam, seja na rua, no supermercado, na praia, no shopping, no centro, no subúrbio e também na universidade, que virou sinônimo de festa, pois educação e formação estão cada vez mais passando para o final da lista, infelizmente. Na verdade, estamos precisando de uma universidade para formação do caráter, do bom caráter, da honestidade (aí 99% dos políticos lotariam as salas de aula), da boa educação, mas essas características se aprendem desde cedo, em casa, através do bom exemplo das gerações anteriores. A partir do momento que esses exemplos são escassos, a solução se visualiza cada vez mais distante. A partir do momento que uma menina de quatorze anos engravida, mas tem como exemplo a bisavó, a avó e a mãe que engravidaram com a mesma idade, como conversar com essa criatura, quais as palavras que melhor substituiriam o exemplo que ela recebe dentro de casa há gerações? Educação é uma corrente, envolve casa-escola e tempo dos pais, senão o exemplo a ser seguido vai ser sempre o do amigo, o da novela, o da televisão e esses podem não ser nem um pouco bons.
Exatamente: já faz muiiiiiito tempo vivemos um Brasil das banalidades, das futilidades, das modinhas, das músicas…(músicas???), do consumo fast food. Estes são os filhos dos pais despreparados, de um Brasil que já perdeu o rumo faz tempo, frutos do sistema comercial, pessoas preparadas para engolir tudo o que não presta, tudo enfiado goela abaixo ou garrafinha acima, isto para se sentir na moda. Você engole e eu faturo! Mas já que o assunto é instituição acadêmica, faculdade virou Shopping, vamos desfilar!
Nada mais me espanta! Estou espantado é comigo!
Parabéns pelo texto!
Márcio Mafra
…..Que inversão de valores, todos preocupados com o tamanho da saia da menina, se ussasem esta energia toda para exigir do poder público , atitude em relação a violência, a pobreza que cresce desenfreada, sim porque as pessoas no Brasil estão interessadas na sai da guria , futebol e carnaval, e não em debater um controle de natalidade, como uma forma de amenizar a pobreza, e todo dia esta estampada na nossa “cara” com o guri pedindo esmola, com mendigo por todo lado e assalto quase que tornando-se banal……infelizmente….Enquanto não houver vontade dos detentores do poder e enquanto o povo não se conscientizar de seu poder,qualquer mudança é total utopia……….Graças aos céus existe a arte , a cultura e o rock….para manter a sanidade mental……..e viva a Fabi……