O lado obscuro

Toda pessoa boa também tem seu lado negro, sua parte obscura. O bem e o mal coexistem no ser humano. O verso e o reverso, o chão e o teto, o puro e o insano, o preto e o branco são certezas irrefutáveis. Em algumas pessoas, creio (e espero) que na maioria delas, prevaleça o bem, porém, cabe a cada cabeça tal decisão, afinal, cada indivíduo é, inevitavelmente, o foco de seu mundo e o comandante de suas escolhas.

Em um tempo de grande insegurança, em que nada é o que parece ser, dúvidas e questionamentos são presenças constantes na vida de cada um. Segundo Oscar Wilde, “Todo o pensamento é imoral. A sua própria essência é a destruição… Nada sobrevive à reflexão”. Quando o homem excede seus limites, em todos os campos de sua vida, há tendências reais de perigo e destruição. Um ser perfeito deveria manter sempre o seu equilíbrio e nunca permitir que uma paixão, um pensamento ou um desejo passageiro lhe perturbasse sua tranqüilidade e suas ações, mas estamos bem longe da perfeição. Os sentimentos do homem, de uma forma geral, são compostos de ambivalência, duplicidade e grandes doses de ambições intelectuais, morais, éticas e econômicas.

É bom ficar claro que, a perversidade que essas rápidas linhas pretendem tratar, não se relaciona à atrocidade humana, como dor, crimes, guerras, maus tratos, violência sexual, barbárie e outros tantos atos extremos de selvageria, provocados por homens irracionais, assassinos ou com sérios desvios em seu código genético. Esta tendência imperiosa de fazer o mal pelo próprio mal não admite análise, é cruel e totalmente inaceitável. Não! A perversidade humana tratada neste texto procura chamar atenção para um lado obscuro do ser humano, mas sem conseqüências a outrem, a não ser, a si mesmo. São pequenos impulsos ou pensamentos perversos irresistíveis, que fazem parte da vida das pessoas, porém, não deixam de ser pensamentos mesquinhos e cruéis. É notório que essa tendência negativa para o mal, que inexplicavelmente se apodera do indivíduo em momentos totalmente imprevisíveis, revela a profunda duplicidade do caráter humano. Segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, o homem não é totalmente capaz de controlar a própria razão, além do que, seu inconsciente pode levá-lo a atuar de maneira irracional. Talvez, tal atitude também possa explicar a atração do ser humano pelo proibido, o qual lhe provoca habitualmente um sentimento de felicidade mais intenso.

Infelizmente, a estupidez humana, ainda leva as pessoas, mesmo que inconscientemente, a sentir prazer com a desgraça alheia. Acidentes de trânsito despertam o interesse de boa parte dos motoristas que passam pelo local, alguns desejam ver o ocorrido, não com o intuito de ajudar, mas apenas para avistar vítimas fatais ou feridas. Há ainda aqueles que, por simples curiosidade ou por um caráter mórbido em sua personalidade, divertem-se com e-mails que mostram fotografias de cadáveres ou acidentes. Inúmeros programas de TV têm como objeto a violência e geram grande audiência. Até mesmo notícias de brigas conjugais, separações, perda de emprego, fracasso no regime, reprovação em um concurso ou queda do padrão financeiro, são capazes de gerar prazer a certas pessoas. Porém, continua a ser um prazer mesquinho e sem propósito, mas bastante comum na sociedade da qual fazemos parte.

Bloquear esse impulso primitivo do ser humano é tarefa difícil. Pode ser assustador e até chocante enfrentar o nosso lado obscuro e o nosso superego, mas é extremamente necessário. Construir atos éticos de autoconsciência, analisando seu lado construtivo e destrutivo, explorando conceitos, como compaixão, verdade, moral e realidade é um bom começo para o indivíduo crescer internamente. Por outro lado, se os seres humanos fossem parentes genéticos de criaturas gentis, sem agressividade, talvez ainda estivéssemos morando em cavernas.

por Fabiana Langaro Loos

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6 thoughts on “O lado obscuro

  1. bem eu adorei o esse texto…bem eu escrevo poemas( tento mais q escrevo) e tipo esse texto foi inspirador…bem do jeito q eu tento passar nos meus poemas…bem….eu gostei!

  2. Boa Noite.
    Li o texto e gostei muito, no entanto não sou capaz de concordar com tudo o que foi escrito, todos pensamos de formas diferentes…
    Não creio que seja imperativo travar o nosso lado mais obscuro, mas sim aceita-lo e compreende-lo, (algo mais enfadonho do que simplesmente nega-lo).
    Não posso aceitar que na mente humana seja imperativo bloquear seja o que seja, acredito na compreensão dos fenómenos inconscientes e dos fenómenos inexplicáveis. Já tentou negar uma emoção? um sentimento? pois por experiência própria percebi que é quase impossível, mandamos-o pela janela e ele entra pela porta, porque não mostrar-lhe a saída pelas escadas degrau a degrau. Todos temos traços neuróticos, o importante é que a nossa parte não neurótica seja superior a que o é. como podemos vencer uma guerra quando não sabemos ao certo contra o que estamos a lutar?
    E acredito sem duvida que a resposta a compreensão do nosso lado escuro passa por uma honestidade profunda a quem somos, e uma compreensão das nossas emoções/instintos, com a ferramenta que mais gosto, o “porque?”.
    Devo dizer também que senti um certo desconforto quando se referiu ao sentimento de vingança, ao sentimento de vermos as outras pessoas sofrerem para aumentar a nossa sensação de não sermos os únicos a sofrer os males da vida e a sensação de nervosismo que a nossa mente cria ao vermos outras pessoas magoarem-se (o que gera risos) mas nem sempre alegria de estupidez humana.
    Podia continuar a escrever mas suponho que resumido seja melhor.
    No entanto gostei do texto e espero que não perca a iniciativa de tentar criar uma maior consciência nas pessoas.

  3. A sombra na psique humana é o nosso eu reprimido, são os nossos temores e desejos que recusamos a perceber. A submissão ao lado negro, significa uma submissão a esses desejos, medos e uma negação de muitos aspectos que apenas o consciente pode encontrar.
    entendemos por sombra aquela parte da psique inconsciente que está mais próxima da consciência, mesmo que não seja completamente aceita por ela. Por ser contrária a atitude consciente que escolhemos, não permitimos que a sombra encontre expressão na nossa vida; assim ela organiza-se em uma personalidade relativamente autônoma no inconsciente, onde fica protegida e oculta.
    Ou seja, podemos nos certificar que o lado negro da nossa psique não é, simplesmente, um depósito de nossas mazelas, mas também um recôndito onde se abriga um poder que não conhecemos ou não queremos conhecer.
    Liz Greene no seu texto “Ao Encontro da Sombra”

  4. SÃO POUCOS QUE CONHECEM ESTE LADO DO SER HUMANO POIS NÃO CONHECEMOS NEM O OUTRO LAGO ESTE LADO SOMBRIO AINDA ESTA LONGE DE SER ENTENDIDO E MUITO MENOS UZADO COMO UZAR BEM UMA COIZA NEGATIVA SE ALGUEM SOUBER COMO DEVEMOS TRABALHAR ESTE LADO PARA O NOSSO BEM POR FAVOR ESCREVAN-ME FICO MUITO AGRADECIDO SABER QUE EXISTE JÁ É UM GRANDE PASSO COMO UZAR BEMMMM SERIA O GRANDE E A MAIOR MANEIRA DE EVOLUIR MOS QUEM NÃO CONCORDAR POR FAVOR ME ESCREVA TAMBEM MANDEN-ME EXEMPLOS METODOS PARA UMA VIDA MELHOR E MAIS SALDAVEL OBRIGADO

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