O ser humano é guiado por instintos. Sensações e emoções regem sua vida, claro, sempre há a escolha, a capacidade de discernir, o entrave, o arrependimento, a análise e as atitudes, mas nada mais íntimo que seus próprios pensamentos, seus segredos e a maneira única de levar a vida. Dentro do quadro social em que vive e convive com seus semelhantes, pode estar inserido em dois grupos distintos, dos casados ou dos solteiros. Porém, é preciso perceber que não é uma simples certidão de casamento ou uma aliança no dedo anular esquerdo que muda a conduta das pessoas ou a maneira de vislumbrar e aproveitar a vida. Estar avulso não diz respeito a estar casado ou solteiro, mas é um estado de espírito, de liberdade, uns têm para a vida toda, outros, por mais solteiros que sejam, nunca irão alcançar tal status.
Liberdade é uma das palavras mais belas do mundo, sem liberdade deixamos de ser nós mesmos. Estar avulso é ser livre. Livre para decidir, livre para escolher, livre para falar, livre para aceitar, livre para dizer sim ou para dizer não. Livre para saber quando se deve racionalizar ou apenas sentir. A simples capacidade de decisão torna o homem livre. Estar avulso é não estar condicionado a um estado patético de submissão ou de servidão, é qualificar um comportamento através de independência, autonomia e espontaneidade, sem ferir ninguém.
O homem da atualidade (e a mulher da mesma forma, pois não há diferença), por uma questão de contextualização no tempo e no espaço, deveria ser mais desencanado, estar aberto a novas experiências e atitudes, mas ainda somos seguidos por regras severas impostas pela sociedade, pela igreja, pelos bons costumes, pelos vizinhos, pela família, regras que apenas desenvolvem estereótipos e padrões, não são feitas para o coração.
Estar avulso independe de levar uma vida de casado ou de solteiro. Estar avulso implica em realizar conquistas, exprimir sentimentos, voar com os sonhos, cultivar a imaginação, ser leve, sem o peso de ser propriedade de outro alguém. É continuar sendo apenas uma pessoa. É poder se exprimir como bem desejar na sua totalidade de ser apenas um único ser, e não como duas pessoas que acabam por virar um indivíduo, ou seja, aquele intitulado casal. Estar avulso é exercer a capacidade de fazer escolhas individuais, próprias e que não dizem respeito a mais ninguém. Porém, não é sinônimo de traição (ou também pode ser), é uma maneira diferente de encarar as situações do cotidiano e deliberar sobre a própria consciência, afinal, o homem pode estar completamente solteiro, mas aprisionado em si mesmo, no cativeiro de sua mente e de seus preconceitos, acorrentado pela dureza de seus atos e angustiado pela complexidade que o mundo a sua volta pode lhe acarretar.
O avulso simplesmente é o que quer ser, sem precisar atuar ou agir em busca de um modo de vida que não é o seu. Equilibra suas ações com dom malabarista, mistura-se com os outros, vive e pulsa sem medo em qualquer ambiente, sem pretensões, sem regras, sem amarras. É imerso na sua própria ideologia de liberdade e atitude. Despojado, também é seguro, é quem manda, mas sabe muito bem fazer de conta que não. Um espírito livre, não oprimido e não angustiado, rege a vida do avulso, seja ele solteiro ou casado.
por Fabiana Langaro Loos
Belo texto Fabiana.
Obrigado por sua sensibilidade em falar de um avulso que eu mesmo não conhecia, mesmo sendo eu, um trabalhador portuario avulso… sou Estivador.
Em síntese e retirando a correlações que faz sobre o estado civil das pessoas, ser Estivador é ser livre e desamarrado. Dono de seu próprio destino diariamente. Consciente das dores e dos sabores que a profissão nos oferta. Assim como aquele artista que produz muita coisa sem saber ainda se será aceito… como será aceito… vive o dia. Vive da beleza da vida com tudo que ela proporciona.
Sucesso na sua caminhada.
Passeando pelo estado do Espírito Santo não hesite em fazer contato e vir conhecer um pouco mais dos AVULSOS.
Muito obrigada, Fabio Roberto. Fico muito feliz com suas palavras. Abraços!