Simplicidade e Complexidade

A obra de arte pode apresentar características simples ou complexas, isso depende muito do tipo de arte, do conceito e da escola de cada artista em particular. Depende, também, do gosto, de vivências e da maneira de pintar e ver o mundo. Um único artista pode passar por fases extremamente complexas, como pode mostrar sua arte por meio de formas simples. É preciso salientar que não há como compararmos a beleza e o uso dessas duas formas nas artes visuais, afinal, o belo é um conceito bastante subjetivo, é possível, sim, apontar o mal feito, bem diferente do feio (podendo ser bonito a outros olhares).

Entre simplicidade  e complexidade também não é possível  escolher qual a melhor das formas. Aí, irá depender de nossa alma, das nossas expressões sentimentais e da maneira como apreciamos as artes, o mundo e as pessoas. O artista plástico tem a capacidade de expressar temas muito simples através da complexidade da forma. Por sua vez, pode utilizar-se de extrema simplicidade para pintar um tema complexo.

Na verdade, a complexidade envolve as propriedades de todo o conjunto, ou seja, cor utilizada, textura do material e contorno de cada desenho. A complexidade implica um complicação visual porque mostra numerosas unidades formais em um mesmo objeto. Na obra complexa, a leitura de um dado exige um tempo maior de observação ao espectador da arte, porém, apenas para captar todos os elementos ali dispostos, não em relação à beleza ou importância da obra.

O uso da simplicidade cria uma grande unificação na obra de arte e também exige um bom tempo de observação e assimilação. Uma obra simples não apresenta o uso de grandes complicações visuais, desta forma, pode sugerir uma maneira mais rápida de ser compreendida, mas não é sempre assim tão fácil ou simples. Seja através da simplicidade ou da complexidade, não podemos esquecer que a obra de arte é muito mais do que a soma de cores e riscos, mesmo quando nos referimos a obras abstratas. A obra de arte é a expressão de um sentimento interior, revelador dos aspectos mais secretos do artista, assim como é fruto de pesquisas, estudos e experimentações, seja o artista um discípulo da complexidade ou da simplicidade.

Kandinsky era complexo. Miró era simples. O cubismo de Picasso era complexo. Simples eram os quadrados e retângulos de Mondrian, assim como eram simples os quadros brancos sobre fundos brancos de Malevitch que, por sua vez, criou um movimento com nome bastante complexo, o Suprematismo. Mas, é importante observar que o conteúdo das obras de todos esses artistas está sempre  cheio de complexidade, todos eles nos deixaram obras maravilhosas. Além disso, simplicidade não significa facilidade ou menor valor. Através da simplicidade, a forma, a cor e as linhas inseridas na obra também são apresentadas por meio de uma composição cuidadosa. Simplicidade não quer dizer que a obra foi feita ao acaso. A simplicidade de uma obra tem como foco sintetizar as formas e técnicas previamente estudadas pelo pintor.

Em ambos os casos (simplicidade e complexidade) a obra de arte é o resultado de uma inquietação interior, de um procura por respostas e de um caminho a seguir, tanto para a simplificação de formas e objetos, quanto para a complexidade de todo o conjunto. A materialização de imagens do inconsciente do artista dever ser contemplada com sensibilidade e interpretação singular, assim como a dinâmica de cada pessoa, de forma simples ou complexa, todos continuam vivendo (e pintando).

por Fabiana Langaro Loos

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