(texto e foto na revista Up Pocket #58)
Abundantemente a vida pulsa lá fora e também dentro de nós. Claro, todos têm seus momentos de letargia, assim como os de erupção. E esse estado de espírito pode se modificar apenas com uma palavra, um telefonema, uma mensagem, um cheiro, um sorriso, um beijo, uma lembrança, uma música ou outras formas de expressão e de comunicação capazes de despertar sentimentos e emoções. É como um estalo, um hiato, uma interrogação, com a intenção de gerar, no fim (se é que há um fim), um grande ponto de exclamação. E, assim, damos espaço a vontades e a desejos, sejam eles racionais ou não, mas o que nos interessa mesmo é o grau de satisfação.
Satisfazer-se é realizar um sonho, contentar nossas próprias vontades, correspondendo à esperança de buscar a tal falada felicidade. Porém, felicidade não diz respeito única e exclusivamente ao destino final, na verdade, é todo uma jornada, uma longa caminhada repleta de altos e baixos, na qual seu êxito dependerá da sabedoria em melhor administrar o caminho, superando os obstáculos e incorporando-os ao aprendizado. Tarefa nada fácil, mas completamente possível.
Ficar insone perante tanta responsabilidade de ser feliz de nada adianta para realçar nossos ânimos. Assim como adormecer e ficar à espera do beijo do príncipe encantado não provoca nenhuma mudança efetiva na realidade. Mas sonhar com os olhos completamente abertos ajuda a imaginação aflorar, o coração palpitar e o mundo se abrir. Mas devemos ficar atentos que os sonhos não funcionam sem uma palavra mágica: faça. E, talvez, o ato de fazer, de desempenhar ou de saciar-se, seja mais importante que a finalização desejada, porque o enredo se modifica com o tempo, com as experiências adquiridas (ou não) e a medida certa encara novos volumes, adaptando-se a novos limites e a uma nova realidade.
Quando ficamos muito conectados ao passado e esperançosos ao futuro, esquecemos de viver torrencialmente o presente, deixando de fora muitos atalhos imperdíveis dessa trajetória incerta que é a vida. Caminhos imprevistos nem sempre atrasam a jornada, pelo contrário, servem para dar mais sabor à constante competição que enfrentamos diante de nós mesmos. Pode ser doce ou amargo, mas a constatação desse sabor é irrefutável para o conhecimento do que gostamos e do queremos deixar de fora ao longo do caminho.
Nada é perfeito, isso não existe, é necessário que saibamos ousar, adaptar, despertar e reinventar o olhar e nossas ações, criando assim, diversos caminhos e possibilidades para a vida ser uma delícia incorrigível e intransferível.
por Fabiana Langaro Loos