Toilet… ah, o toilet feminino… Ambiente tão particular, com tantos segredos. Revela, ao mesmo tempo, glamour e intimidade. Revela a verdadeira mulher. Caem as máscaras, tiram-se os saltos. O espelho é o amigo mais fiel. Tanto em dias em que a vontade é de quebrá-lo, como de rabiscá-lo com batom vermelho, completamente apaixonada. É o confidente da vaidade. É o retrato da honestidade. Pode ser em casa, solitária. Pode ser nos bares, rodeada por outras mulheres.

O toilet feminino é sempre um mistério para quem está de fora. Retoca-se o batom, arruma-se o cabelo. Olha-se no espelho e assume: é hoje o dia! Dia perfeito para todas as conquistas. Ou dia em que a melhor solução era nem ter acordado. E daí? Oras, nesse momento, o banheiro é o melhor aliado para se sentir mulher. Tomar um banho gostoso, cantarolar no chuveiro. Secar o cabelo, espalhar creme pelo corpo inteiro. Fazer a maquiagem, perfumar curvas estratégicas. Ir à luta. Mesmo quando ela está apenas no quarto ao lado. Faz parte do jogo, despir-se de mentiras, encarar a realidade. Assim como se despir da vida real e encenar uma ilusão.

No banheiro feminino vale tudo. Vale sonhar com o sarado da academia, ler um conto erótico, excitar-se de prazer. Imaginar o que há por trás do intelectual de óculos ou do chefe gostosão. Chorar o homem não conquistado, a viagem deixada de lado ou o salário que não aumentou. Reclamar do sexo da noite passada, rir da lingerie rasgada, fazer uma sessão de depilação. Fechar os olhos e ainda sentir o gosto do beijo, o agarrão de tirar o fôlego e a proposta impossível de dizer não.

Na adolescência, aproveita-se o mistério do toilet para escrever poesias, pensando no professor. Mais tarde, nesse mesmo local, rasgam-se as cartas de amor. O toilet feminino tem cheiro perfumado, um arsenal de vidrinhos destinados à beleza, toalhas bordadas. Mostra, igualmente, um certo clima de perversidade. Seja para invejar o regime da amiga ou para ensaiar a próxima cantada.  E isso sempre acontece, não importa a idade. O universo feminino é bem variado, cheio de esquisitices, cheio de detalhes, coisas típicas de mulher. E certas tipicidades não mudam nunca, não há diferença entre a dona de casa delicada ou a empresária com vozeirão.

O toilet feminino guarda inúmeras histórias. Já ouviu lamúrias, já consolou lágrimas. Presenciou risadas de deboche, sorrisos de descaso e olhares de felicidade. Já selou promessas e as viu serem quebradas. Todos os banheiros trazem um mundo de fantasias, muitas delas, realizadas ali mesmo, em cima da pia, após um jantar à luz de velas. Ainda bem, já estava mais do que na hora… vive la toilet!

por Fabiana Langaro Loos

(Crédito da Foto: Deise Cristófoli – Produção Coninck Jr – Revista up Pocket #13)

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