Normalmente, o ser humano gosta de estar rodeado de amigos, valoriza a presença de outras pessoas, afinal é um ser sociável, criado e ensinado para viver em comunidade, logo, aprecia estar em contato com outras pessoas, mesmo que não conheça todo o grupo. A solidão, nesse caso, aparece como um inimigo, ninguém quer ficar ou estar só, ninguém quer sentir-se só. A solidão é justamente um dos mais assombrosos medos das pessoas quando ficam mais velhas. Todavia, nem sempre a solidão é estar sem companhia, sem uma outra pessoa ao lado, sem um grupo de amigos. Oras, quem já não se sentiu só mesmo no meio de tanta gente? A solidão pode ser um estado de espírito, um isolamento voluntário ou incondicional, não apenas o encargo ou o estado de quem está só. Na verdade, a solidão é caracterizada por um sentimento próprio, inerente a determinada pessoa, e não um conceito pré-concebido no dicionário.
Solidão vem acompanhada de vários outros sentimentos, além de muitas lembranças e questionamentos. Geralmente, está relacionada a um sentimento negativo, triste e de desconexão com o mundo. Mas, a solidão também pode ser espontânea e muito bem-vinda em certos momentos de nossas vidas, quando é muito bom ou extremamente propício estar só. A solidão é um meio para entrarmos em contato com nós mesmos, ouvindo nossas vozes e segredos, exercitando o autoconhecimento.
Quando não nos identificamos com um grupo de pessoas, seja na balada, no trabalho ou na sala de aula, podemos ter indícios de solidão. Na vida a dois, a solidão também pode se tornar bastante comum, quando o casal começa a ter interesses distintos e gostos totalmente diferenciados, quando estão juntos, mas cada qual com a imaginação em um mundinho único. Quando habitam a mesma casa, mas não o mesmo universo. Quando a indiferença torna-se a base do relacionamento. Porém, ninguém está livre da solidão, afinal, ela pode aparecer em qualquer momento da vida, para qualquer pessoa, oriunda dos mais variados acontecimentos externos, que acabam provocando e povoando nosso lado mais intimista e sensível. Então, vale lembrar as palavras do filósofo alemão Martin Heidegger: “estar só é a condição original de todo ser humano, cada um de nós é só no mundo”. O nascimento é uma experiência única, assim como a morte é uma experiência única, assim como a vida inteira, cada momento e cada segundo da existência são experiências únicas, pois ninguém vive pelo outro.
Para uma vida feliz, a receita não consiste em acabar com a solidão, preenchendo o vazio existencial com uma outra pessoa, um hobby ou uma atividade, mas sim, entender que a solidão faz parte do universo de qualquer ser humano, é um processo natural da vida, e não um sentimento de que algo ou alguém está faltando. Viver a própria vida, respeitar as próprias vontades, expressar os próprios sentimentos e desejos faz a vida se encher de significados e, consequentemente, torna a solidão um sentimento natural, sem neuras, angústias ou tristezas.
por Fabiana Langaro Loos
A cada dia, a sociedade pós-moderna caminha distante daquilo que podemos chamar de busca pela comunhão integral. Pode ser que em breve esta palavra (comunhão) esteja relegada aos cadernos escolares, livros e artigos eletrônicos na internet. A despeito de todas as dificuldades impostas nos dias atuais para a existência de um legítimo compartilhar entre seres humanos, a alma do homem clama e sempre clamará por intimidade e comunhão transcendentes.
Todos nós esperamos ardorosamente por sermos desvendados por alguém (independe gênero) que nos aceite como somos e nos ajude na caminhada.
De acordo com psicólogos, a solidão é mais perigosa para a saúde de uma pessoa do que estar acima do peso ou fumar.