Retrospectiva de Leonílson no Itaú Cultural
Por Fabiana Langaro Loos
Com cerca de 300 obras, entre desenhos, pinturas, aquarelas e esculturas, o Itaú Cultural mostra a exposição “Sob o Peso dos Meus Amores”, do artista plástico cearense Leonílson, falecido no ano de 1993, vítima de AIDS, com 36 anos de idade. A retrospectiva, com curadoria de Bitu Cassundé e Ricardo Resende, ainda expõe objetos pessoais do artista e o documentário “Com o Oceano Inteiro Para Nadar”, de Karen Harley.
Listas, números, coleções, símbolos e repetições eram marcas de Leonílson em suas obras, além da delicadeza das formas e a constante utilização de objetos e materiais do cotidiano seu e das pessoas. A exposição revela toda a sensibilidade desta artista que deixou seu registro e sua personalidade na arte contemporânea brasileira, infelizmente de forma rápida, porém marcante e inconfundível.
Leonílson migrava do pessoal para o coletivo de uma maneira poética, falando de si e dos outros, identificando o mundo, observando o meio no qual estava inserido através de seus desejos, de suas investigações, de seus questionamentos, da análise da vida e de uma coleção de símbolos e metáforas. Observar as obras de Leonílson é fazer uma viagem pessoal e intransferível, com capacidade para atingir cada espectador da arte de uma maneira particular, porém, sem deixar de alcançar todo o conjunto, afinal, vivemos em um meio global, em busca pelo outro e em busca por si mesmo.
Em suas obras é constante a utilização da palavra, criando construções poético-visuais, um elo entre as artes visuais e a literatura. Da mesma forma, os títulos de suas obras são quase que novas obras, novas reflexões e novas metáforas. Utilizou-se livremente do desejo simbólico, da sedução e da poesia para criar um jogo narrativo com o público. Questões sexuais, o romantismo, o conjunto de símbolos costuram, com grande simplicidade, sua vida e sua produção artística.
Além da retrospectiva no Itaú Cultural, uma de suas instalações também pode ser observada na Capela do Morumbi. A obra foi montada pela primeira vez no ano de 1993, logo após o falecimento do artista. Tecidos transparentes e leves utilizados por Leonílson foram usados como metáforas para revelar o momento específico no qual ele se encontrava, como um breve adeus.
SERVIÇO:
Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149 – São Paulo/SP
Até 29 de maio de 2011, de terça a sexta, das 9h às 20 horas. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20 horas
Entrada gratuita
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