Sigmar Polke – Realismo Capitalista e Outras histórias Ilustradas

Obras do pintor alemão Sigmar Polke invadem o primeiro andar do MASP revelando uma diversificada produção realizada nos anos de 1963 a 2009

Por Fabiana Langaro Loos

Um dos principais artistas plásticos da arte contemporânea alemã, Sigmar Polke, falecido no ano passado, aos 69 anos, vítima de câncer, deixa para o público e para o mundo uma grande e vasta contribuição artística, uma parte dela apresentada em sua primeira exposição póstuma.

A mostra que absorve o 1° andar do MASP traz a série completa das obras gráficas (edition prints) produzidas entre 1963 e 2009, além de aproximadamente 220 estampas e objetos cedidos pelo colecionador Axel Ciesielski e 25 originais em técnica mista (gravura, desenho e colagem) da série Day by Day, apresentada na Bienal Internacional de Arte de São Paulo no ano de 1975, quando o artista recebeu o Grande Prêmio de Pintura.

Além da grande experimentação de técnicas e de materiais, o pontilhado pop, ou melhor, os “polke dots” (um trocadilho com seu sobrenome) marcam e caracterizam o conjunto de sua obra.

A mostra no MASP recebe curadoria de Tereza Arruda, com auxílio do curador e coordenador do museu, Teixeira Coelho. Segundo Tereza, “Sigmar Polke abriu o leque da produção de arte contemporânea ao usar diversos materiais e diversas técnicas. Para ele, a gravura tinha a mesma importância que a pintura, e isso estimula até hoje o que chamamos de obras interdisciplinares”.

Na década de 1960, na Alemanha dividida em ocidental e oriental, Polke criou o movimento Realismo Capitalista, juntamente com seus conterrâneos Gerhard Richter e Georg Baselitz, que batia de frente ao Realismo Socialista da extinta União Soviética, evidenciando assim, o engajamento sócio-cultural e o posicionamento político dos artistas. De 1961 a 1967, estudou na Academia de Artes de Düsseldorf e no período de 1977 a 1991 foi professor na Academia de Belas Artes de Hamburgo. Apesar da diversidade de materiais e de receber prêmios em outros países, entre eles o Leão de Ouro na 42ª Bienal de Veneza, em 1986, nunca viveu fora da Alemanha.