Século vinte e um, internet, banda larga, conexão imediata, ipod, telefonia celular, máquina digital. O mundo está informatizado, o homem está computadorizado, o sexo é virtual. Será? Será mesmo que nossos relacionamentos estão tão frágeis, que agora se desfazem ou se fazem pela internet? Ou entramos numa era de pouco contato corporal, de poucas falas, onde cada um se resolve por si só? Compra o que é necessário no sexshop e arruma sua vida sozinho. Assim, não precisa se preocupar com o outro e se realiza apenas com uma imagem idealizada, formatada, pronta para ser usada e descartada. Que sem graça! Eu gosto de suor, de dormir grudada, de rolar na cama, de um bom exercício matinal. Eu gosto de interagir com o outro. Eu gosto de carinho, de um bom puxão de cabelo, de beijos, de cheiros e que me alisem o corpo inteiro. Eu gosto de dedos, que ocasionalmente, também servem para utilizar o teclado, por que não? E viva Eliana com seus dez dedinhos e muita imaginação.
Sexo virtual tem lá suas qualidades, claro, desde que não vire vício ou uma fixação. Algumas pessoas ficam tão excitadas com a idéia de sexo virtual que estremecem apenas sentando em frente ao computador. É fácil entender… É a criação de uma fantasia, de uma magia, de um atrevimento surreal. É uma forma velada de masturbação. É a ocasião que as máscaras caem, que tudo é permitido, afinal, existe um aparelho que faz a conexão. Mas entre quatro paredes também pode tudo, é só deixar de lado a inibição.
Sexo virtual já deve ter acabado com muito namoro, com muito noivado ou com muitos casamentos, mas, ao contrário, deveria ser utilizado como um tempero extra, uma forma de excitação, de desejo, de conhecer o outro um pouco melhor, principalmente no início da relação. Através do computador as pessoas se abrem mais, falam mais, elaboram de maneira melhor as palavras, digitadas, mas que também estimulam a libido e a descontração. Sexo virtual é excitante, estimulante, tem um certo ar de filme de suspense misturado com pornô, mistério, dúvidas, mentiras e sedução. Oras, tudo que está fora do nosso alcance parece ser mais saboroso, porém, se tal situação se converter em fato real, pode ser que as coisas mudem de posição – desculpe o trocadilho, tomara mesmo que mudem de posição.
Os caminhos da Internet são longos, formam um emaranhado de situações, de linhas que se cruzam, de pessoas que são vizinhas, mas que continuam transando apenas virtualmente, infelizmente. Com a correria do dia-a-dia, às vezes esquecemos de dizer bom dia, ou de olhar olho-no-olho quando entramos no elevador, e perdemos o vizinho, que é tudo de bom. Podemos e devemos usar a máquina, mas sem deixar o contato físico de lado, afinal, o computador é apenas um detalhe, um algo a mais para um determinado dia, e não para todos os dias. O tato ainda é essencial para a vida. O dia que não for, nós seremos meros computadores, conectados com o mundo, mas isolados numa sala. Que fria!
por Fabiana Langaro Loos
É notavel a tua lucidez pra conduzir determinados assuntos, na verdade eu diria todos que você aborda nos teus textos… Felizmente as pessoas estão começando a aparecer com menos medos, ou sem tanto medo de assumir algumas de suas características ou gostos, o que é difícil numa sociedade bombardeada pela necessidade de ter reconhecimento em coisas que às vezes nao são as que a alma pede, mas são o que as outras pessoas pedem… E assim precisam de um computador para se assumirem e APENAS nele encontram o gosto por se relacionar…
Parabéns, Fabiana, concordo com algum comentário que li nessa parte do site, você deveria ter um livro pra difundir suas idéias.
Muitas delas postas em prática por gente que é imatura e medíocre melhorariam muito o mundo!
muito bom
isto e bom de mas