Sou rodada. Há anos ando pelo mundo. Em algumas casas estou presente em todos os cômodos e no dia-a-dia das pessoas. Em outras, porém, ninguém sabe que eu existo. Quer dizer, até podem saber, mas algumas pessoas não têm interesse em me conhecer, em me possuir, em passar alguns momentos comigo. Faço de conta que não ligo, mas isso me entristece profundamente. O desinteresse me aborrece. Saber que algumas pessoas preferem a ignorância ao conhecimento, o fútil ao útil, enfurece-me. Depois reflito e concluo: pobres, pobres de espírito.

Não sou arrogante, nem pretensiosa, mas infeliz daquele que não me conhece. Oras, saber que alegro tantas almas, que incomodo, que questiono ou que instigo a pensar, faz de mim um ser indispensável. Posso ser bela, posso não ser, depende do seu olhar. Mas aposto, quem me conhece é mais feliz.

Posso ser questionadora, informal e perturbadora. Posso ser objetiva ou cheia de mistérios. Não importa, represento inúmeros papéis, tenho muitas caras. Uma delas deve ter afinidade com a sua. Sou versátil. Vou de um lugar ao outro facilmente, basta me abrirem as portas. Já tive um aspecto totalmente elitizado. Hoje, quero ganhar o mundo, quero ganhar o povo. Quero estar não só na boca do povo, mas no seu cotidiano. Não me interessa quando as pessoas falam mal de mim. O que importa é que falem, e falem muito, pois os assuntos que me dizem respeito nunca se acabam.

Preciso de holofotes. Quero chamar a sua atenção não por carência, mas por sobrevivência. Preciso do seu olhar, seja ele apurado ou leigo. Sou atrevida. Meu atrevimento é necessário para continuar a ser atual. Ajudo a traçar a história. Através de mim, é possível saber detalhes e histórias do passado. Ajudo a traçar as linhas do futuro e fazer do presente um mundo melhor. Não sou pouca coisa como alguns querem parecer que eu seja. Deve ser a inveja.

Falo muitas línguas. Tenho atitude. Mostro diversas características para um mesmo tema. Expresso idéias. Ensino. Provoco. Meu intuito é não passar despercebida. Posso ser clean, posso ser cheia de informações. Quero ser grande, imortal. Quero ser infinita. Posso ser efêmera, mas na lembrança serei sempre duradoura e marcante. Misturo-me facilmente. Mas preciso de espaço, de visibilidade. Prazer, meu nome é arte.

por Fabiana Langaro Loos

Compartilhe!
0000