Meu terceiro ano consecutivo, em um grupo fechado, no Sweden Rock Festival, um festival de metal que acontece todos os anos, desde 1992, na Suécia. Atualmente em Sölvesborg, considerado por mim e por esse seleto grupo de amigos de gosto bastante apurado, muitos deles, além de grandes fãs das bandas, colecionadores afoitos de cds, o melhor festival da face da Terra.

No Sweden Rock Festival você encontra toda a diversão dos grandes festivais europeus, com a segurança necessária e o confortável espaço físico para assistir aos shows sem os tradicionais apertos de gente como acontece no Brasil. É possível ver na grade seu músico preferido, bem em frente ao palco, contando com o respeito e a educação da pessoa ao seu lado, que está lá com o mesmo objetivo que o seu, o bom e velho rock and roll.

Educação é palavra básica na Suécia, não é exceção. Assim como beleza é coisa comum nesse país. Ah, as belas suecas sempre deixam saudades! Respeito e honestidade também andam juntas no cotidiano sueco, características que não são esquecidas mesmo com umas cervejas além da conta. E, que conta! Os suecos bebem para valer, mas são difíceis de cair, ficam andando como os zombies da série Walking Dead e fazem amizade facilmente. É um povo simpático e feliz, ainda mais no início de verão!

Existem algumas coisas extraordinárias que só acontecem por lá. Nesse ano, não pude entrar com minhas duas sombrinhas dentro da mochila, tive que deixá-las na portaria, com outras tantas de diversos donos, em um local totalmente aberto, sem receber qualquer registro ou ticket. No final do último show daquele dia, voltei ao lugar no qual havia as deixado, sem esperanças, apenas para me certificar, por incrível que pareça, às duas horas da matina, elas estavam exatamente lá, as últimas sombrinhas pretas, ali no meio do mato, esperando por sua dona, no caso, eu. Na Suécia, se algo não é seu então não mexa. O “achado não é roubado” não vale no vocabulário sueco, o achado será devidamente guardado até seu dono aparecer. Foi o que aconteceu com um amigo, no ano passado, quando recuperou sua câmera fotográfica esquecida ainda no ano anterior. Incrível!

Inacreditável também é a limpeza dos banheiros, do início do festival até seu término os banheiros estão limpos e sempre com papel higiênico disponível, não importa a hora. Se seu dinheiro por acaso cair no chão, ninguém colocará o pé em cima para depois resgatá-lo, simplesmente a pessoa irá avisar o que você deixou cair, ou pegará e lhe entregará nas mãos. E foi algo parecido que aconteceu em uma roda do Exodus, no meio a tantos headbangers que dançavam e pulavam freneticamente, um deles perdeu um lenço de caveira, logo, logo, um sueco, ainda no meio do agitado público, procurava o dono do acessório.

Além dessas, há muitas e muitas histórias a contar, as pessoas que você já acostuma a ver de um ano para o outro e todos se reconhecem, as crianças livres, leves e soltas com seus protetores de ouvido, o café quentinho que roda pelos quatro cantos do festival, as roupas hilárias de homens e mulheres sem qualquer vergonha ou pudor, a chuva que ocasionalmente cai (e veste capa de chuva e tira capa de chuva), as inúmeras lojas de cds, roupas, discos de vinil e acessórios, a reverência ao sol e ao calor, as belíssimas suecas que tiram suas blusas e ficam apenas de lingerie e, claro, o ápice de tudo, os sensacionais shows que acontecem nos quatro dias de festival.

Mas isso é uma longa história, para ser contada em várias páginas, com muitos detalhes, de preferência pelos meus mestres do metal (esses headbangers do grupo são excepcionais craques no assunto). Mesmo assim, somente consegue captar e entender todo o clima mágico do Sweden Rock Festival, quem tem a oportunidade de passar por lá. Essa viagem se torna um vício, porém nada prejudicial à saúde. Talvez ao bolso (haja mochila para carregar tantos cds). Que venha 2013, quero meu ingresso já!

por Fabiana Langaro Loos

Artista plástica Fabiana Langaro Loos no Sweden Rock Festival 2012 (Crédito da foto: Klaus Peter Loos)

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