Obras polêmicas de Damien Hirst em Londres

Museu Tate Modern expõe retrospectiva do artista plástico britânico Damien Hirst e movimenta o mundo e o mercado da arte

No início desse mês (04 de abril), um dos artistas plásticos mais importantes de sua geração, e também um dos mais ricos e polêmicos do mundo, Damien Hirst, que continua ativamente produtivo, abriu uma retrospectiva no museu de arte contemporânea Tate Modern, em Londres.

Com 46 anos, Damien Hirst trabalha principalmente com a temática da morte. Muito criticado e, ao mesmo tempo, muito valorizado, suas obras estão com grande cotação no mercado de arte, tem um quê de ame-o ou deixe-o, mas uma coisa é verdade, ele vem fazendo história, tem seus méritos (e cifrões).

Visitei a exposição retrospectiva de Damien Hirst no período que ficou exposta no Brasil, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, de outubro a dezembro de 2011. Não estavam presentes todas as obras que estão atualmente expostas em Londres, mas algumas bastante significativas. Acabei não escrevendo sobre a mostra e suas polêmicas obras, e o tempo passou. Mas, atrevo-me agora, já que o assunto, ou melhor, a polêmica voltou ao foco das conversas entre artistas plásticos, visitantes da exposição e amantes da arte em geral. E, assim, todos continuam falando de Damien Hirst.

Algumas revistas, sites e jornais escreveram sobre o assunto, publicando que “Kant refere-se à feiúra que desperta asco” (Revista Cult – dica da Monica Cella). Bem, não é o asco (ou mesmo a feiúra) que me importa. Na exposição que visitei, observei obras extremamente belas, que para outros eram feias ou nojentas. Não fico chocada com os animais mortos, na verdade, não gosto é do processo do artista, pois algumas perguntas surgem na minha mente: esses animais foram encontrados mortos ou foram executados apenas para mexer com sentimentos das pessoas, apenas para servir ao homem? Por exemplo, sobre uma belíssima obra, a curadoria da exposição retrospectiva de Damien Hirst explicou que as borboletas acabavam ficando presas na tinta e morriam. Ver aquelas vacas mortas, com seus órgãos aparentes, não me causa nenhum asco se comparadas com o que vemos nas ruas, no nosso cotidiano violento e injusto. Na minha opinião, podemos explorar os sentimentos das pessoas de diversas formas, inclusive com a morte, uma realidade, porém, sem ser o artista o causador da morte e, sim, da arte puramente, porque o feio ou o bonito sempre será uma questão de olhar.

Voltando à exposição de Londres, a mostra faz parte do Festival Londres 2012, programa cultural ligado aos Jogos Olímpicos e coloca lado a lado trabalhos importantes do artista realizados nos últimos 20 anos. Entre as obras mais importantes estão: “The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living”, que mostra o famoso tubarão conservado em formol e “For the Love of God“, um crânio cravejado com quase 9 mil diamantes, considerada a obra de arte contemporânea mais cara já criada.

A exposição segue aberta à visitação até o dia 09 de setembro de 2012.

por Fabiana Langaro Loos

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Damien Hirst e a obra Mother And Child (Andy Paradise/divulgação)

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Obra For the Love of God, além dos 9 mil diamantes cravejados, o crânio utilizado como molde é do século 18 e os dentes são originais (Reuters/divulgação)

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Obra The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living (Reuters/divulgação)


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