Algumas coisas nos incomodam tanto e sempre que, após tanto doer e ser inconveniente, simplesmente, como um passe de mágica (talvez por uma pitada de inteligência e amadurecimento, espero que nunca por total frieza), o incômodo chega a um fim. Quantas vezes nos deparamos com situações assim, inundados pelo vazio ou submersos na indiferença capaz de bloquear o coração e extinguir sua dor ou impedir o cérebro de mastigar pensamentos desgostosos?
O vazio e a indiferença são sentimentos que vivem no limbo, vivem à margem de nossos corações, onde deixamos coisas esquecidas ou que não têm mais valor. Talvez, um campo neutro, sem dor, sem remorso, sem preocupação, sem cheiro, sem vida, sem cor. Um campo apático aos créditos emotivos ou racionais.
Mas não podemos esquecer que o ser humano é regido pela emoção e pela razão, alguns mais influenciados pelo primeiro sentimento, outros pelo segundo. E também há aqueles que ficam no meio termo, equilibrando a vida na balança da alma e do cérebro. Porém, somos um único organismo, um único corpo vivo e totalmente interligado, mexeu aqui, pode tocar acolá. E, de repente, uma simples gota, que não é capaz de transformar a cor do oceano, seja capaz de mudar sua fórmula e sua essência, seja capaz de contribuir para a transparência dos fatos e da nossa adaptação para um novo viver, uma adaptação ao campo real e ao que temos em mãos.
Trata-se de buscar a paz de espírito, nunca o egoísmo ou a negação, nem mesmo em preencher o vazio com o que se perdeu, afinal, o que está perdido já foi e, agora, o vazio que ficou precisa de novos pontos de luz, de novas gotas para preencher o oceano, de novos sentimentos para aquecer a alma, de novos pensamentos para alimentar o cérebro, de novos passos para alcançar o caminho além, e não mais o de outrora, pois o vazio instiga a sempre mais, a ir além.
por Fabiana Langaro Loos