A Sala Paulo Figueiredo está repleta de fotos de Andy Warhol, nas mais diversas versões e nos mais diferentes olhares de Christopher Makos, amigo pessoal do pintor norte-americano. Um projeto entre ambos, realizado em 1981, resultou na exposição: Lady Warhol – fotografias de Christopher Makos que, no Brasil, pode ser apreciada até dia 23 de junho de 2013 no Mam, no Parque Ibirapuera, em Sampa.
Fãs dos surrealistas Duchamp, Dalí e Man Ray, Warhol e Makos viveram em uma época de repressão sexual e educação preconceituosa, porém, os dois viam o mundo de maneira totalmente diferente. Abertos a novas ideias e a novas experiências, com mentes livres, ambos inspiraram uma nova forma de olhar o mundo, claro, um olhar polêmico para a época e talvez, ainda hoje, para as infelizes cabeças preconceituosas que por aqui habitam.
O inicio do projeto recebeu inspiração da fotografia na qual Man Ray retratou Duchamp, em 1921, usando vestido e um chapéu de mulher. E Makos tinha muitas referências a serem exploradas, porém, é importante ressaltar que a intenção de tomar como referência imagens que ambos gostavam não pode ser confundida com cópias ou roubos de trabalhos, tanto que, Christopher Makos explicou: “Fiquei imaginando como lidar com esse limite tênue entre o ‘roubo’ da citação e a ‘criatividade’ de encontrar inspiração no trabalho de outrem”, e aí a “viagem” iniciou, gerando, posteriormente, 349 imagens.
Para a realização do trabalho foram utilizadas oito perucas, algumas maquiagens e dois dias de poses, além de um vasto material de composição fotográfica com o intuito de confundir os gêneros sexuais e revelar à sociedade um comportamento não conformista, ou seja, a vida alternativa que começou a despontar em Nova Iorque ainda no final de 1970, a qual os dois membros das artes visuais, Warhol – o pintor e Makos – o fotógrafo, eram adeptos, óbvio.
Um trabalho audacioso para a época, um exposição que mexe com o íntimo de cada pessoa. Pelo tema, não pela arte, pode ser considerada banal para as pessoas livres de amarras e preconceitos, e com certeza as mais felizes. Porém, ainda transgressora para um público que continua a pensar através de uma obsoleta educação sexual, mesmo no século XXI.