As Pontes de Loos
(Impressões sobre a exposição “Pontes do Mundo Todo”, de Fabiana Langaro Loos por Sebastião Paulo do Aragão – poeta e homem livre)
Quando as encontrei, estava a caminho de outro destino. Nas correntes do vermelho cansado, desviei meu curso. Ao contrário de outras abstrações de arte, as pontes de Loos nos convidam à uma natural aproximação, somos convidados a exercitar outra arte – a observação mediativa da obra de arte. Na delicadeza aveludada dos detalhes, nos aparentes infantis traços negros, que brincam de mãos dadas com o branco dissonante de proporções e vibrações perfeitas – vislumbramos o talento de uma grande artista. Nas pontes de Loos, percebemos o equilíbrio entre rio e aço; força e graça e não nos cabe desvendar qualquer possível estrutura secreta, mas contemplar. Nos resta sentir.
Dos quadros de menor dimensão, destaque para a ponte de Rialto, com sua geometria despreocupada e claro domínio técnico no lidar dos tons; a Ponte Capela, com traços mais decididos e cores limítrofes, deixando ao detalhe branco a necessária e precisa timidez e a Innsbruck, que nos faz permanecer atentos, que nos faz querer tocar sua textura – o que é rio? o que é caminho? Todas as obras de menor dimensão tem um equilíbrio entre si, como se estivessem a serviço de uma só estrutura. Os detalhes em branco, repito, tem a proporção exata que o conjunto existe.
As obras de maior dimensão são um caso à parte. Ponte Santa Trinita, Sant´Angelo e Charles Bridge, nos colocam suspensos sobre todo o cenário; ângulo insólito e privilegiado. A inversão total de valores e sentimentos, a mudança de curso – destacando devidamente o preto – e as novas dimensões, finalizam – pois penso que sim, devem ser as úlitmas obras a serem vistas pelo público – com chave de outro, minhas andanças por este universo, até então desconhecido, da arte de Fabiana Langaro Loos. Meu único porém, é o inadequado local da exposição. Portas muito próximas da rua, sons de carros e de toda ordem e a péssima iluminação, estão totalmente fora de qualquer similaridade com a sensibilidade sentida nas obras. Mas, porém, todavia, contudo, As Pontes do Mundo Todo não se deixa abalar por isso.
Não conheço o passado artístico da Fabiana, mas arrisco dizer que durante a construção de suas pontes, ela tenha se deparado com a possibilidade real de alcançar novas margens em sua trajetória. Mais do que a obrigação de amadurecimento natural do artista, me refiro a alguma descoberta decisiva para o futuro incerto. Que seja de universos cada vez mais fantásticos, de pura arte para nosso deleite. Vida longa à Fabiana Langaro Loos.
NOTA DA ARTISTA: A exposição poderá ser visitada até dia 27 de agosto de 2009, na Galeria Municipal de Artes da Fundação Cultural de Itajaí (Rua Lauro Muller, 53), em horário comercial. E em 26 de setembro de 2009, a exposição “pontes do Mundo Todo” será aberta na Colorida Art Gallery em Lisboa, Portugal.
NOTA DA FOTÓGRAFA, ESCRITORA E AMIGA LAIR LEONI BERNARDONI: Querida menina!!! Quem ganha um texto com essa análise, esse primor de palavreado pode dizer quase num suspiro: A Arte me tem.
E tem!
Da Lair.
que lindas palavras!