Igualdade desigual

Fala-se tanto em igualdade entre homens e mulheres, na inexistência de diferenças entre estes dois indivíduos quando comparados entre si, mas tal inexistência é natural e verdadeira ou é criada pelo imaginário de ambos os sexos e, na prática, totalmente irreal? Claro, sabemos que existem diferenças anatômicas e em certos casos, em relação à força física, mas em relação à inteligência, determinação, cultura e educação, cometimento, desejos, entre outras questões, homens e mulheres são iguais. Será mesmo que tal igualdade conseguiu êxito em pleno século 21?

Politicamente, homens e mulheres conquistaram a igualdade, mas não foi sempre assim. Houve épocas que mulheres não podiam votar, nem podiam ser votadas. Hoje, é obrigatório um percentual de candidatura de mulheres para cada partido político, portanto, uma conquista ainda parcial, pois, olhando-se pelo lado da obrigatoriedade, ainda é possível observar que diferenças existem. Ainda existe um número menor de mulheres no poder, muitas delas continuam a enfrentar comportamentos discriminatórios no mercado de trabalho, estão menos presentes em bons cargos de chefia e têm que conciliar a vida privada (leia-se casa, filhos, cachorro, supermercado, marido) e profissional, ou seja, uma carga excessiva e exaustiva de quase 24 horas de trabalho por dia.

A contínua opressão da mulher é um fato trágico na história da civilização. E não estamos tão distantes desses fatos, afinal, continuam a persistir padrões de submissão e desprezo, privando as mulheres de compreender seu verdadeiro potencial e papel dentro da sociedade. Antigos padrões refletidos na cultura popular, na literatura, nas artes, nas leis, e até em escrituras religiosas, continuam a impregnar muitos aspectos da vida, sejam em atos e fatos geradores de problemas sérios e de discriminação social, sejam através de brincadeiras aparentemente bobas, feitas por homens e mulheres, que demonstram que ainda não somos todos iguais. Por exemplo, quem paga o motel nesses dias de igualdade entre homens e mulheres? Ainda há divergentes opiniões, mas a idéia que prevalece é de que o homem (cavalheiro e gentil) deve pagar a conta. Aí, eu pergunto, nós mulheres, não queremos a tão falada igualdade? Da mesma forma, continuamos a dizer “temos todos os mesmos direitos, mas meu bem, você paga o jantar, o motel, a conta de água, a conta de luz, e o condomínio também, pois o meu dim-dim é para pagar as minhas coisinhas, o cabeleireiro, as roupinhas, a massagem, a academia…” É mesmo assim? Esse conceito continua a demonstrar desigualdade, oportunismo e machismo, mesmo que não venha a ferir ninguém.

Por favor, não me interpretem mal, não venho por meio destas linhas falar mal dos nossos tão adorados homens, afinal, a desigualdade começa, muitas vezes, pela própria atitude machista de certas mulheres. Oras, talvez essas mesmas mulheres estejam fabricando homens que as colocam em um papel de inferioridade, participando de um joguinho entre homens e mulheres que não valoriza a boa relação, a harmonia e a boa convivência, mas um jogo infalivelmente machista, no qual ambos os sexos só têm a perder.

A emancipação da mulher e a conquista da total igualdade dos sexos são fatores essenciais para o progresso humano e para a transformação da sociedade. A desigualdade é um entrave para o progresso da civilização. Não existe qualquer base moral que possa justificar a desigualdade entre homens e mulheres. É o individuo que deve prevalecer, indiferente de ser ele homem ou mulher, assim como amar alguém, não se ama um homem ou uma mulher, ama-se um ser humano.

 Por Fabiana Langaro Loos

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