Já disse Adriana Calcanhotto, em uma de suas canções, “Eu gosto dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem”. As pessoas instigadas pela fome de viver, instigadas pela vontade e pela gana, diferenciam-se das demais, fugindo do padrão comum, que existe aos montes por aí. Realizar as ações do cotidiano da melhor forma possível e com prazer é absolutamente essencial, afinal, prazer é primordial para uma vida feliz, seja no trabalho, na escola, na cama ou no lazer.

Pessoas com fome de viver utilizam as íngremes escadas da vida como estímulos para os sonhos e os feitos do dia-a-dia. Fragmentos de idéias precisam ser meticulosamente arranjados, de forma maliciosa ou até mesmo ingênua, mas de maneira bastante profunda, para posteriormente serem executados. Oras, apenas colecionar sonhos não faz do homem um ser articulado. A vida necessita ser exteriorizada através do ato concreto, da vivência real. Nossos dias são feitos de bancos de idéias. Permitir-se à fantasia é dar o primeiro passo para alimentar a fome que nos cerca. Desejar algo é um prazer irresistível. Porém, concretizar o desejo faz do indivíduo um ser especial. Essa é a diferença dos que fazem e dos que apenas observam ou sonham.

Brilho nos olhos, coragem para percorrer obstáculos, doses de ousadia e vida sem mesmice são as características do indivíduo original, aquele que faz toda a diferença quando entra em algum lugar. Sua capacidade e atitude surpreendem e alimentam o mundo. Pessoas incomparáveis são as que vivem com intensidade, não deixando espaço para o morno ou para o banho-maria. Transformam seus atos em momentos inesquecíveis, decifram a vida de uma maneira inexplicável.

Será dom, fome de viver, vontade? Talvez seja o engajamento em desafiar padrões, imprescindível para aquele que deseja uma vida de verdade, que também pode ser poética e um tanto surreal, mas precisa estar enquadrada na realidade. Uniformidade e padronagem tornam a vida comum. É preciso saber retirar os rótulos constantemente impostos pela sociedade. O ser humano precisa ir além das verdades ensinadas e buscar suas próprias verdades e, assim, fazer da vida um constante aprendizado.

Por Fabiana Langaro Loos

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