Um mundo chamado Keith Haring

Até o dia 5 setembro de 2010, a Caixa Cultural São Paulo apresenta a exposição “Selected Works”, com obras inéditas no Brasil do artista norte-americano Keith Haring que, aos 31 anos de idade, deixou nosso mundo devido a complicações decorridas da aids, mas sua obra permanece entre nós, repleta de força, vida e cor. Entre 1976 e 1978 estudou design gráfico em uma escola de arte de Pittsburgh e, mais tarde, em Nova Iorque, na School of Visual Arts. Porém, o artista começou a se tornar conhecido ao pintar grandes painéis em estações do metrô de Nova Iorque, amigo de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat, Keith Haring era muito rápido no traço, utilizava linhas simples e tinha como referência o grafite dentro da arte moderna dos anos 80.

Keith Haring pintou o corpo de Grace Jones para o filme Vamp e para o clipe de “I’m Not Perfect (But I’m Perfect for You)”, foi amigo de Madonna e agraciado por outros famosos, participou das campanhas da vodca Absolut e dos relógios Swatch, seus desenhos estamparam camisetas, lojas, estúdios, grandes murais e lugares públicos. Mas ganhou o mundo por apresentar um trabalho acessível e democrático, dedicando-se a uma arte expressamente coletiva.

A exposição “Selected Works” tem curadoria de Sharon Battat e logo na entrada é possível ler um belo texto que revela um pouco de Keith Haring, mas sua obra é seu espelho e nela conseguimos observar relações com suas etapas de vida, a alegria, a tristeza, a dor e os questionamentos, nas quais são revelados conceitos sobre amor, guerra, sexo, nascimento e morte. Além das obras, objetos pessoais de Keith, como tênis, skates, cartas e fotos, estão presentes na mostra, assim como dois documentários da vida do artista, “Drawing the line” e “The Universe of Keith Haring”, dirigidos respectivamente por Elisabeth Aubert e Chistina Clausen. Infelizmente, a exposição não pode ser fotografada, nem mesmo sem a utilização de flash. Uma pena, pois suas cores vibrantes nos contaminam ao primeiro olhar.

Ao visitar a exposição, recheada por 94 obras, podemos observar o processo de criação de Keith, seu engajamento social, assim como sua relação com o Brasil, que visitou diversas vezes, inclusive participando da Bienal de São Paulo no ano de 1983. Ícone da pintura underground oitentista, Keith Haring participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, divulgando sua arte para um grande número de pessoas, atingindo assim, alguns de seus maiores desejos, a socialização da arte, os diversos olhares, a arte nas ruas, o artista de todos.

A exposição “Selected Works” é dividida por partes, a fase “Popshop”, que contém pinturas em séries, inicialmente vendidas por 50 centavos, em sua loja em Manhattan (a Pop Shop), hoje, atingem mais de 5 mil dólares cada uma. A história do vermelho e do azul (“The history of red and blue”) com desenhos originais feitos para os filhos do galerista Hans Mayer, muitos deles nem assinados, pois a impressão de alguns trabalhos não foi finalizada até sua morte e são apenas identificadas pela marca d’água do artista. “The blueprint series”, contendo 17 desenhos, os primeiros feitos com tinta Sumi (uma tinta especialmente formulada para sombreado) em papel vegetal e, posteriormente, com cópias reproduzidas. A fase “Apocalypse” que contém seu primeiro trabalho feito em parceira com Willim Burroughs, um artista americano famoso por trabalhos de colagens e o espaço de arquivo pessoal.

Não há como não se impressionar com a simplicidade das formas e com a profundidade das cores e, principalmente com a mensagem implícita, ou melhor, bem explícita, em todos suas trabalhos, na qual não estamos sozinhos nesse mundo, há uma conectividade para tudo e para todos, amor e ódio, vida e morte, alegria e dor. A determinação em prol das boas causas, lutando contra males como o crack, o apartheid e a aids. Mesmo vinte anos após sua morte, os desenhos de labirintos, os cachorros estilizados, os bonecos que dançam, os homens de paus eretos, as pirâmides com discos voadores e as grávidas nos fazem pensar que a vida em comunidade, em uma sociedade harmônica e pacifista, ainda é o melhor caminho. Um mundo de Ketih Haring para chamar de seu.

por Fabiana Langaro Loos

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Serviço:

Caixa Cultural São Paulo (Av. Paulista, 2083 – São Paulo/SP)

Visitação: de terça a sábado das 9 às 21 horas – Entrada franca

Telefone: (11) 3321-4400/ www.caixa.gov.br/caixacultural

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