A enfermeira colocou um cateter na veia da menina, logo depois, levou-a para uma sala de espera e, em seguida, deitou-a em uma maca, assentou sua cabeça, inseriu tampões em seus ouvidos e protegeu seu corpo com um cobertor azul.
Logo em seguida, a enfermeira levou-a para a sala da ressonância magnética, da qual a garota havia ouvido somente relatos de terror.
Foi durante o momento que a enfermeira empurrava a maca através do corredor, largo e livre, que a menina resolveu fechar seus olhos azuis da mesma cor do cobertor e não abrí-los mais, até o fim.
Então, ela começou a meditar. De repente, ela estava nas profundezas de um lago ou mar, ainda não sabe dizer ao certo, mas soube afirmar que era infinitamente azul. Muitos peixes, de vários tamanhos e formas, lindos e muitos deles fluorescentes apareceram em seu mundo onírico.
Todos os peixes emitiam os mais diferentes sons que, na verdade, eram os diversos barulhos da máquina de ressonância. Em um certo momento, a máquina parou de emitir barulho e a menina não gostou, afinal, foi como se ela tivesse perdido a comunicação com seus amigos das profundezas.
Quando percebeu, tudo havia terminado. Mas o sonho permaneceu em sua mente ao longo do dia. E todos os relatos ruins foram contrariados através de uma experiência alucinante.
E, assim, ela continua a acreditar que a mente do ser humano transcende obstáculos, o poder da mente vai além da imaginação. Ela continua a acreditar que podemos sonhar de olhos abertos ou fechados, pois a magia do Universo não está no fim das coisas, dos fatos ou das histórias, a magia existe em toda a trajetória.
Ela agradeceu e foi embora, feliz.
por Fabiana Langaro Loos
“Blue Sunshine” (a/s/t – 155×80 cm) por Fabiana Langaro Loos