Em diferentes esferas, circunstâncias ou processos da vida, das pessoas ou das coisas, é confirmado que o desuso causa impossibilidades, com inúmeras consequências, sejam elas palpáveis ou subjetivas, imediatas ou distantes, efêmeras ou perenes. Por outro lado, o desuso também é capaz de permitir possibilidades através de outros meios, utilizando diferentes vias. Trata-se aí, de uma questão de ponto de vista, de oportunidade, de determinação ou de superação.
O desuso é a ausência, é a falta de hábito ou de costume, é a diminuição significativa do uso de determinada coisa, seja por uma opção própria ou em decorrência de situações alheias a nossa vontade. Atrofias, exclusões, distâncias e perdas, materiais ou espirituais, são alguns dos possíveis efeitos do ato de não usar o corpo, a mente, a alma, a inteligência, a gratidão, os sentidos, a educação, enfim, uma extensa lista de atitudes e de emoções, de acordo com a rotina e as prioridades de cada indivíduo.
A princípio, ao falar sobre esse tema, pensamos em algo material, palpável, concreto e até mesmo com conotações eróticas. Pensamos muito mais na parte física do que na parte mental. A partir do momento que não praticamos uma atividade física regular e adotamos um estilo de vida sedentário, nossos corpos atrofiam aos poucos e os movimentos se tornam lentos e difíceis de serem executados. Se o ato sexual é postergado, abdicado ou substituído por outras atividades e vontades, o estímulo, a libido e a conexão entre as pessoas diminuem, assim como qualquer falta de vigor físico e disposição mental, podendo transformar o desuso em algo normal.
Quando limitamos nosso cérebro, quando não buscamos por novas informações, novas leituras e novos aprendizados, também estagnamos a mente que, dia após dia, adquire um processo mais lento para pensar, raciocinar, compreender e resolver desafios. E, da mesma forma que ocorre o desuso físico e mental, há o desuso emocional quando sentimentos que envolvem a alma e o coração são esquivados do dia a dia.
Dentro da vida da urbe atual, com informações tão rápidas, mobilidade fácil, novas tecnologias e conteúdo à mão, de certa forma, é necessária muita sagacidade, ou seja, perspicácia para compreender que as impossibilidades não aparecem em vão, são resultados oriundos pela inépcia, pelo comodismo, pelo desleixo, pela falta de tempo ou pela simples falta de vontade.
Quando o ser humano opta por realizar, mudar e progredir não há impossibilidade capaz de o deter na incrível jornada da vida e da concretização dos sonhos, com a utilização do corpo e da mente. O uso rotineiro de bons pensamentos faz florescer a energia interior das pessoas para o bem e para o constante positivismo de suas ações.
(Fabiana Langaro Loos)