Entre o sagrado e o profano

Acredito que caminhamos em uma linha limítrofe, entre o sagrado e o profano. Inúmeras vezes ficamos entre o bem e o mal, entre o ser puritano e o ser transgressor. E não falo apenas do sagrado ou profano referente à igreja, mas sim, dos nossos próprios conceitos morais. Moralidade não se adquire de uma hora para outra, são conceitos que estão impregnados em nós, desde a infância, diz respeito à nossa educação. E é válido lembrar que educação está longe de se ter ou não dinheiro. Assim como o padrão financeiro não delimita a moral.

Definir sagrado e profano é como observar um novelo de lã, ele pode dar nó ou pode se desenrolar facilmente. Pode ser complicado ou não para se encontrar sua ponta inicial, e o percurso até sua outra extremidade pode ser lento ou demorado, depende de cada um de nós. O sagrado e o profano envolvem conhecimentos que adquirimos ao longo da vida, através de experiências pessoais, solitárias e em sociedade.

Para você pode ser profano beijar na boca alguém do mesmo sexo que o seu. Para mim, pode ser uma sagrada prova de amor. Eu posso achar profano você não devolver o livro que lhe emprestei. Você pode considerar tal ato, um mero lapso de memória, sem fim. Para você, pode ser profano bater na bunda da mulher amada, em meio a uma transa gostosa e quente. Para mim pode ser apenas o início de um orgasmo muito bom. Você pode achar profano não usar camisinha. A igreja pode considerar que profano é você transar sem o intuito de procriar. É profano abortar? Mais profano é o absurdo número de crianças que morrem de fome por ano. É profano não casar na igreja? Profano é a violência familiar. São tantas situações, tantas maneiras de encarar a vida. Algumas são bobeiras, corriqueiras e não irão tornar o mundo melhor ou pior. Outras, por sua vez, podem ajudar a vida do próximo. Ou tornar a nossa própria percepção da vida, melhor.

O dicionário define profano como algo que “não pertencente à religião”, “não sagrado”; enquanto que sagrado como algo “santo”, “concernente às coisas divinas, à religião, aos ritos ou ao culto”, “inviolável”. Virar uma cruz de ponta-cabeça parece uma idéia profana. Por quê? Não somos livres para escolhermos nossas próprias crenças? Profano é o mau caráter, a desonestidade, a hipocrisia e tantas outras coisas mais. Sagrado é ser humilde e estar liberto de preconceitos.

Talvez, especificar com exatidão o sagrado e o profano a um povo, seja uma maneira fácil de governar. Só sei de uma coisa, pra mim, sagrado é saber respeitar.

por Fabiana Langaro Loos

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0 thoughts on “Entre o sagrado e o profano

  1. Aí amiga! Tu é o bicho mesmo!!!

    “Que possamos construir mais pontes do que muros em nossos relacionamentos…”

    “Sagrado é saber respeitar…”. Se o porque da nossa amizade talvez não estivesse bem definido além do fato de sermos artistas, estas duas frases iluminam o mistério da alquimia da amizade. BeijosCzr

  2. Fabiana, boa tarde!

    Posso usar esse seu post sobre o sagrado e o profano em sala de aula?
    Gostei da linguagem em cima desse tema. Quebrou o gelo e acredito q
    está bem mais próximo da linguagem juvenil do que os textos super serios a respeito.

    Aguardo seu retorno.

    Grato,

    Prof. Elcio A. Rodrigues
    Jaraguá do Sul – SC

  3. Sagrado é relativo a um dominio interdito, inviolável e que suscita a veneração por oposição a profano, que se refere à divindade ou ao seu culto .
    Já o profano é estranho às coisas sagradas, que não pertence à religião, pois é um assunto complicado, para ele tudo que vem a respito de religião é profano.

  4. OLA:

    Sou estudante de filosofia, tenho 45a, pesquisando em minha disciplina atual Experiencia do Sagrado e Religião, encontrei seu texto.
    Ótimo, sei que faz algum tempo que pubicou, Gostaria de saber se posso por como exposição para outros alunos terem conhecimento.

    Que tudo esteja bem com vc…

    PAZ

    Abç

    Sandro

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