Tomei conhecimento do Instituto Inhotim em 2008 e, desde então, não parava de vislumbrar a hora de visitar esse maravilhoso centro cultural brasileiro. Sim, brasileiríssimo. O mais inusitado de tudo é que a maioria dos brasileiros nem sabe de sua existência, talvez somente a galera cultural, porém, no exterior, ele é muito conhecido, emplacando matéria em boas publicações internacionais. Mas, aos poucos, vai conquistando o espaço e a mídia nacional e, conseqüentemente, o público brasileiro.
Inhotim fica localizado em Brumadinho, Minas Gerais, a 60km de Belo Horizonte, a capital mineira. Foi fundado em 2002 pelo empresário mineiro do setor de mineração, Bernardo Paz, um colecionador e apreciador de arte moderna que, em meados de 1980 começou a trocar sua coleção por obras contemporâneas e, na época, talvez sem saber e sem querer, iniciou em sua propriedade particular o que é hoje o maior museu de arte contemporânea ao ar livre da América Latina.
Dezessete galerias climatizadas, espalhadas por um enorme espaço territorial, com obras contemporâneas distribuídas ao longo de diversos caminhos, um rico acervo botânico e jardins que receberam sugestões do paisagista Roberto Burle Marx fazem parte desse projeto extraordinariamente lindo, que conta ainda com o incentivo social, com foco na valorização do patrimônio, na inclusão social, na cidadania e no desenvolvimento regional, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população. Turismo cultural de qualidade, pensamento global e retorno local.
O acervo de Inhotim reúne mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, Chris Burden, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Yayoi Kusama, Adriana Varejão, Doug Aitken, Edgar de Souza, Tunga, Amílcar de Castro, Waltério Caldas, Jarbas Lopes, Dan Graham, Paul McCarthy, Zhang Huan, entre outros. Inhotim também se destaca por sua coleção de Palmeiras, entre as maiores do mundo, com aproximadamente 1.300 espécies, distribuídas por todo o parque. Muitas obras são interativas e algumas lúdicas, gerando uma enorme vontade de se jogar no chão, de brincar, de dançar, de fazer parte da obra, divertindo-se com a arte e interpretando-a da forma mais gostosa possível, tocando, sentindo o material. Porém, outras obras, mesmo não sendo interativas, aguçam todos os sentidos do espectador, principalmente as monumentais instalações e intervenções, onde a gente se sente um mero coadjuvante, o coração pulsa forte, os olhos brilham, a mente trabalha e a arte ecoa esplendidamente por todo o meio. Espaço e obra dialogam perfeitamente.
É preciso no mínimo um dia inteiro para visitar todo o complexo do Instituto Inhotim, claro, se você tiver um bom condicionamento físico e disposição, não realizar muitas paradas para descansar ou para se alimentar, nem permanecer muito tempo em cada galeria e ainda utilizar em alguns trechos o transporte interno, com carrinhos de golf, antecipadamente pagos na entrada (o ingresso inteiro custa 20 reais e o carrinho 10 reais, por pessoa). O ideal, para uma visita tranqüila, a fim de aproveitar cada cantinho da natureza e se misturar com a arte, quase como uma simbiose, seria dispor de dois dias inteiros, desde a abertura do complexo cultural, às 9h30min até seu encerramento, às 16h30min, em dias de semana. Nos finais de semana o encerramento se dá às 17h30min e nas segundas-feiras, como quase todo os museus mundo afora, encontra-se fechado. Visitas monitoradas podem ser agendadas antecipadamente e é grande o número de crianças que visita o parque, um projeto cultural de Inhotim, que atende estudantes de escolas da região, através de seu centro de educação e cultura, que também dispõe de biblioteca e teatro.
Apesar de tão farto em obras e galerias, Inhotim ainda está em fase de construção. Todos os anos, novas galerias são projetadas e construídas, todo ano uma nova obra entra para o seu acervo. Para 2012, a grande sensação será o neoconcretismo de Lygia Pape. Além das obras, as galerias são assinadas por arquitetos conhecidos nacionalmente e todas impressionam pelo design, pela grandiosidade e pela tecnologia. Na entrada, todo visitante ganha um mapa, que indica obras e caminhos, porém, perder-se em meio à natureza é simplesmente uma delícia. E, com tanta beleza e tantas sugestões que as obras apontam, perder-se também à imaginação e a inúmeras idéias, faz desse um passeio inusitado e mágico, para colocar na sua lista de próxima necessidade.
por Fabiana Langaro Loos
MUY BUENO!!
Simplesmente MARAVILHOSO!!!!