Acostumada ao Mercado Público de Itajaí, em Santa Catarina, com cheiro de peixe e um bom bolinho de bacalhau, vendido por alguém que fala sempre rapidinho, rapidinho, peguei-me boquiaberta, surpreendida pela variedade de produtos do Mercado Central de Belo Horizonte, localizado no centro da capital mineira, exatamente na Avenida Augusto de Lima, 744, em uma construção de tijolinhos vermelhos, que ocupa um quarteirão inteiro e que permanece aberto todos os dias, inclusive, domingos e feriados.
Desde os tradicionais queijos mineiros, goiabada, doce de leite, pão de queijo, torresmo, cachaça, carnes e pimentas, passando por brinquedos de madeira, panelas, ervas aromáticas, cestos de palha, instrumentos de música popular, até animais (coelho, cachorro, galinha, galo, passarinho), todos à venda em gaiolas, um tanto deprimente essa parte, porém, mais deprimente é ver umas lojas de bugigangas chinesas, que nada têm a ver com o regionalismo do mercado, assim como as lojas de artigos importados para cabelos e produtos de musculação. Bem, logo você dá mais alguns passos e rapidamente esquece essa momentânea depressão, afinal, está dentro de um café, saboreando uma deliciosa e quentinha broa de queijo, divertindo-se com o sotaque diferente e com o jeitão mineiro de ser, de fala mansa e olhar carinhoso, uma delícia – sô, um aconchego – uai.
É, literalmente, a expressão tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Passeando pelos corredores ainda dá para encontrar alguns feirantes vendendo abacaxi em fatias, fresquinho e doce, além dos diversos botecos, cheios de pessoas com copos de cerveja nas mãos, aguardando sua carne com cebola e jiló ficar pronta e aí, o cheiro se espalha, incomodando-me um pouco, talvez uma provocação ao lado light da alimentação. Comida mineira é pesada, com sustança e robustez, com jeito de casa de fazenda, que fica no fogo por toda uma manhã, cozinhando vagarosamente e é capaz de conquistar até os paladares mais chatos, como o meu. E nessa confusão de cheiros, diversidade de comidas, multiplicidade de boa gente, vem a minha mente a música de Luiz Gonzaga, “ai, quem me dera voltar pros braços do meu xodó, saudade assim faz doer e amarga que nem jiló”.
A sábia frase “perder-se também é caminho” de Clarisse Lispector se encaixa perfeitamente ao Mercado Central de BH, com corredores estreitos, nem consigo imaginar como deve ser andar por ali nos finais de semana. Você dá voltas e voltas, parece um labirinto e tudo se torna tão parecido e tão diferente ao mesmo tempo, talvez, um GPS não fosse nada mal, porém, de nada adiantaria, já que eu estava lá exatamente para isso, perder e encontrar, olhar, sentir, despertar a alma e demais sentidos. Sozinha (mas bem longe da solidão), em busca de novos caminhos e novas sensações, com espírito viajante, aberto a qualquer lugar, a qualquer convite, de forma livre e aventureira.
A história do Mercado Central não é de agora, acompanha a cidade desde seus 31 anos de fundação. Foi inaugurado no ano de 1929 em um terreno onde barracas de madeira serviam de bancada para cada loja e as carroças que transportavam os produtos à venda permaneciam ao redor do terreno de 14 mil metros quadrados. Infelizmente, em 1962, a cidade quase viu seu fim, pois o prefeito da época alegou a impossibilidade de administração da feira, pretendendo extinguí-la e vender o terreno. Foi aí que os comerciantes criaram uma cooperativa, comprando o imóvel da Prefeitura de Belo Horizonte com a condição de construir, no prazo de cinco anos, um galpão coberto. A luta foi árdua e a cooperativa, para concluir a obra dentro do prazo estipulado, recebeu o apoio do Banco Mercantil do Brasil. Sorte da cidade que, assim, não perdeu um ponto tão pitoresco e tradicional. Sorte para os turistas que, dessa maneira, conseguem sentir melhor a cidade e sua gente, provando a comida típica, conhecendo o artesanato local e degustando seus famosos produtos alimentícios. Ê trem bão esse mercado, é tomá um golim de pincumel e ser feliz!
por Fabiana Langaro Loos
(crédito das fotos: Fabiana Langaro Loos)
muito legal!!
beijos
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Muito 10 Fabi,
gostei da máteria, das fotos e até senti o cheirinho do café e a broa quentinha! Hummm…!!
Bjs típicos
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Oi Fabi.
sabe que sou suspeita para fazer um comentário, mas adoro e recomendo uma voltinha por lá. Estive lá recentemente e já tenho saudades, mas vou ficar com o cheirinho de peixe mesmo……Bjs. Marta
comida mg uau
Haloo Fabi! Que saudades guria! Simplesmente amei esta matéria de MG, nossa como o Brasil é marvilhoso , é tanta diversidade..é um país gigante,
uniao perfeita de culturas , ler esta matéria e ver as fotos ai, só faz aumentar
a saudade e sempre cada vez mais concluir que estamos muito e muito bem servidos , nao deixamos nada a desejar, somos um povo alegre , hospitaleiro,
de verdade latinos “os melhores”! Fantástico isso, espero que tu nao pare ai nesta matéria , quem sabe tu possa fazer uma “turne” por este Brasil varonil e mostrar um pouco de cada regiao heheh ,
Parabéns Fabi, pelo teu trabalho, por tuas obras de Arte sempre inspirando ,
é lindo o que tu faz!
Sucesso Sempre Fabi , merece!
Beijos
Mariah Concatto