Picantes ou Picados

Relacionamentos, encontros, vidas que se cruzam. Pessoas unidas. Desencontros. Brigas e carinhos. Amor e ódio. Arrependimentos. Jovens e velhos. Professor e aluno. Tio, irmão, primo, sobrinho. Família. Amigas. Marido e mulher. Pai, mãe e filho. Madrasta e enteado. Avô, avó e todos aqueles diabinhos, digo, netinhos. Patrão e empregado. Sogra e nora. Amigos. Amantes. Conhecidos. Enfim, mantemos relações diárias. Relações picantes, afetuosas, profissionais. Amistosas ou não.

Saber relacionar-se é um ato de bem viver, de harmonia, embora nem sempre o convívio seja de paz. Será por que não é assim tão fácil a convivência com nosso semelhante? Ou será que somos nós que complicamos as coisas? Por que dificultamos tanto nossas relações?

Você já parou para pensar ou apenas esbravejou: “Eu não agüento mais”. Oras, quem sou eu para falar da sua boa ou má convivência com as pessoas ao seu redor? Quem sou eu para meter o bedelho na sua relação? Ninguém. Mas não seja arredio antes mesmo de iniciar este breve relacionamento colunista-leitor. Voltemos aos fatos. Talvez haja falta de comunicação. Em outros casos, o excesso dela acaba com a relação. Então, não há um padrão, não há uma receita. Esse bolo exige “apenas” ingredientes como paciência, perseverança e bom humor. Isso mesmo, bom humor. O que seria da vida sem bom humor?

Levar a vida na brincadeira é bastante bom. Assim como aproveitar o presente. Viver como se não houvesse amanhã. Levar a vida na esportiva, para não ser levado por ela, picado de dor. Claro, não dá pra esquecer as tristezas, os problemas, a perda, a falta de dinheiro. São os processos da vida. Mas, com o famoso jeitinho brasileiro, e nesse caso, espero que seja um jeitinho universal, podemos ir moldando nossas vidas, acostumando-nos a ver o lado bom. Temos a mania de achar que nossos problemas sempre são os piores do mundo. Que nossa doença é a mais grave. Que o outro está numa melhor situação. E não.

Temos nossas escolhas, assinalamos uma no meio de diversas opções. Somos seres sociáveis, recebemos conhecimento, assimilamos informações. Temos o dom da reflexão. Então, é fácil admitir que nossas atitudes com os outros desencadeiam uma série de atitudes recíprocas, sejam de afetividade ou não. E aí, está formada uma cadeia de relações. Somos bastante inteligentes para nos colocarmos no lugar do outro e analisarmos uma nova situação. Claro, relacionar-se, com quem quer que seja, não é fácil. Exige dedicação. Exige respeito. Muitas vezes, já nascemos vinculados a uma relação. Nesse caso, não nos coube uma opção. Porém, também nos é reservado, o direito à separação. Uma relação à distância, em alguns casos, é a melhor solução.

Portanto, no fundo, bem lá no fundo, eu não estava errada, sempre há solução. Solução que apenas se desvenda quando deixamos de ser intransigentes. Quando somos flexíveis. Quando estamos de cabeça e olhos abertos para saber aceitar. Aceitar os outros como eles são. Talvez aí more o segredo para que a tal cadeia de relações também nos aceite, com nossos defeitos, com nossas qualidades. Sem estresse, sem marcação.

por Fabiana Langaro Loos

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