Arte, música, moda e suas semelhanças

mondrian

A trilogia moda-arte-música há muitos anos troca informações e influencia o mundo. Em uma época que mulheres eram brancas e com excessos de curvas, para não dizer gordinhas, pintores retratavam o ideal de beleza através de madonas de seios fartos, vestidos pesados (que mais pareciam feitos de cortina), pele branca e bochechas coradas. Conta minha avó, que nos seus tempos de adolescência, quase uma jovem senhora, as mulheres beliscavam suas bochechas para lhes imprimir no rosto um sinal de vitalidade. Os produtos de maquiagem eram diretamente retirados da natureza, assim como as tintas que ornamentavam belas obras de arte. As casas eram cheias de badulaques rococós, bordadinhos, trilhos em cima de mesas, vasinhos, lacinhos, enfim, inúmeros enfeitinhos. Hoje, o minimalismo impera. Menos é mais, o estilo simples dita a moda. Embora muitos lacinhos de cetim e crochês da vovó apareçam nas coleções de moda da atualidade. E produtos oriundos da natureza voltam ao mercado, repaginados, afinal, a natureza está na moda.

A música clássica que rolava nas vitrolas de outrora dá inspiração à música cheia de samplers. Batuques e orquestras sinfônicas aparecem em um mesmo palco. Samba e rock são tocados juntos, em perfeita harmonia. Os djs eletrônicos pegam canções consagradas e elaboram uma nova música em suas pickups que brilham, não só à noite, mas nas festas que acontecem durante o dia. Também brilham corpos com purpurina, brilham tecidos, brilham obras de arte que só podem ser vistas no escuro.

Os anos oitenta conectaram moda, música e arte nos seus excessos. Nos noventa, o estilo grunge, que contaminou a cena musical por certo tempo (ainda bem que não por muito), também influenciou a moda e deixou-a sem nenhuma feminilidade. A arte ficou um pouco deprê, mas no ano 2000 reapareceram as cores e o entusiasmo, afinal, era o futuro. Que já virou passado, hoje o black é o nude, o clássico é moderno, os jornalistas são blogueiros, músicas são baixadas na internet e a arte não está somente nas galerias, invadiu as ruas das cidades.

Atualmente, quadros são pintados com uso múltiplo de materiais, a tinta a óleo se mistura à acrílica em uma única tela. Materiais que podiam parecer uma heresia, hoje, transformam-se em arte da noite para o dia. A tecnologia desponta. O estilista coloca Mondrian nos terninhos de sua coleção. Outros designers de moda se inspiram no heavy metal nas estampas de tecidos, que posteriormente aparecem nas passarelas, vestindo tops magras, com modelitos leves, seguindo o vento e o rebolado. A tecnologia aparece na criação de grandes esculturas e de grandes obras de arte pelo mundo afora. Voltou à moda a bochecha corada, mas agora com blushes de muitos tons, diversas texturas e lindas embalagens.

É primordial estar atualizado e conectado, pois a indústria da moda, da arte ou da música cresce rapidamente e, segundo alguns entendidos, pode tudo. Porém, é bom não esquecer a educação, a informação, o bom senso e evitar aquilo que dói aos olhos ou faz mal aos ouvidos. De resto, realmente, vale tudo. E, contrariando Tim Maia, vale homem com homem e mulher com mulher. Só não vale ficar estagnado.

por Fabiana Langaro Loos

Compartilhe!
Share on Facebook0Share on Google+0Pin on Pinterest0Tweet about this on TwitterShare on Tumblr0

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *